A hora e a vez dos imóveis mais ao Norte
Barreto e Fonseca atingem a maior valorização do metro quadrado em moradias à venda na cidade
Daniel Braga
daniel.braga.let@oglobo.com.br
Lazer. As atividades diárias nas praças e no Horto do Barreto garantem a parte saudável da rotina dos moradores do bairro, que passa por mudanças urbanas
Sujeira. O acúmulo de lixo em calçadas é um dos impactos do adensamento da população
Horto. Cláudia vai com o filho ao horto todos os dias
Fotos de Felipe Hanower
A Zona Norte de Niterói é a área com a maior variação do valor do metro quadrado de imóveis ofertados para venda na cidade, apresentando uma valorização de 34,8% na comparação entre abril de 2012 e o mesmo período deste ano, de acordo com dados do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio). Em apenas dois bairros da região - Barreto e Fonseca -, o metro quadrado subiu de R$ 6.410 para R$ 8.639. Levando em conta somente os limites geográficos do Barreto, o aumento atinge 44,4%, o que eleva o lugar a titular do metro quadrado mais valorizado de todo o município, passando de R$ 3.192 para R$ 4.609, considerando a comparação até abril deste ano.
Segundo o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) de Niterói, Jean Pierre Biot, o surgimento de novos empreendimentos habitacionais na Zona Norte da cidade é um dos fatores que impulsionaram o movimento.
- Nos últimos anos, as leis para o desenvolvimento de propostas imobiliárias para a região foram mais claras do que em outros locais da cidade. Estamos falando de um espaço bem localizado, onde há opção de meios de transporte, e a infraestrutura urbana está pronta - analisou.
Biot acredita, contudo, que é essencial que o crescimento seja acompanhado pelo poder público e pela sociedade.
- As pessoas têm responsabilidades em relação à preservação e à conservação de seus bairros - afirmou o presidente da Ademi de Niterói.
O professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) Gerônimo Leitão lembrou que, além da maior oferta de imóveis na Zona Norte, a concessão de crédito para cidadãos antes excluídos do mercado imobiliário contribuiu para o processo de valorização.
- Isso trouxe uma demanda diferenciada. A instalação de projetos que geraram empregos no Leste Fluminense é outro fator de destaque nessa dinâmica. Muitos querem morar mais perto do trabalho para evitar os problemas de mobilidade - pontuou o especialista.
A facilidade de financiamento para aquisição de veículos, observa o professor, faz com que a opção pelo transporte individual seja prioritária, caso não haja melhoria no sistema de transportes coletivos.
- Daí os engarrafamentos tão comuns em todos os municípios metropolitanos do país. Planejamento é fundamental antes de se promover qualquer intervenção urbana - completou Leitão.
Residente há seis anos na Rua Luiz Palmier, a advogada Cláudia Vasconcelos, de 44 anos, afirmou que a oferta de escolas públicas na região e de atividades em espaços de lazer como o Horto do Barreto contrastam com outras consequências da mudança e problemas cotidianos:
- Contamos com duas linhas de ônibus, que já começam a se mostrar insuficientes. Quando chove muito, ruas alagam, e o lixo de alguns residenciais por vezes se acumula nas calçadas.
Sobre as queixas da moradora, a prefeitura informou que a limpeza dos ralos e das caixas de passagem das ruas é feita periodicamente. O lixo acumulado nas calçadas, segundo a nota, é de uma feira, mas é recolhido pela Clin frequentemente, garante a prefeitura.
Pelas informações do Secovi Rio, o Centro foi a segunda região com a maior valorização em Niterói, com 18,4% de alta no preço do metro quadrado, em abril deste ano. Na sequência da lista aparecem a Região Oceânica (16,3%) e a Zona Sul (14,6%). Entre os bairros, o Fonseca (25,2%) e a Boa Viagem (24,9%) completam o pódio dos três primeiros depois do Barreto.
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