quarta-feira, 29 de maio de 2013

Total de corretores tem aumento de 80% em cinco anos

Silvia Costanti/Valor / Silvia Costanti/ValorNelson Jerusevicius: experiência na área financeira o colocou em uma posição privilegiada em relação aos colegas

Cerca de 10 mil novos profissionais ingressam no mercado imobiliário, a cada ano, apenas no Estado de São Paulo. Formam batalhões dispostos a seguir os cursos obrigatórios em busca de credenciamento como corretores.

Essa corrida, que começou a conta gotas dez anos atrás, ganhou impulso a partir de 2011 com uma enxurrada de lançamentos, na esteira da fartura de crédito e na carona do Programa Minha Casa, Minha Vida. Hoje, o Estado de São Paulo conta com um batalhão de 130 mil profissionais, dos quais 13 mil militando apenas na capital, número ainda insuficiente para atender a demanda. Com a concorrência e a ampliação do mercado, o corretor deixou de ser um vendedor de pastinha na mão para se tornar praticamente um consultor imobiliário. Segundo o Conselho Federal do Corretor de Imóveis (Cofeci) os corretores somam 285 mil no país e nos últimos cinco anos houve crescimento de 80%.


Anterior a toda essa movimentação, o administrador de empresas com especialização na área financeira, Nelson Jerusevicius, já estava atento ao que viria pela frente. Depois de construir carreira em companhias nacionais e multinacionais de peso, e dois anos após se aposentar, Jerusevicius começou a investir naquilo que imaginava ser uma profissão "mais livre" e com melhor qualidade de vida. Ele diz que acertou em algumas previsões e errou em outras.


A experiência profissional colocou Jerusevicius em uma posição privilegiada em relação aos colegas que não tinham passado pela área financeira. "Para tirar o registro do Conselho Regional de Corretor de Imóveis (Creci) é preciso se submeter a um curso oferecido pelo próprio conselho. Eliminei várias matérias por ter formação superior e conhecimento na área financeira", conta. O ex-executivo faz questão de manter um elo com o Creci/SP onde participa de encontros mensais. "É difícil formar uma equipe. Há uma rotatividade grande de corretores por conta da escassez desses profissionais no mercado. Há uma concorrência muito grande e, ao mesmo tempo, falta de profissionalização", diz.


Andréa Granja, gerente de recursos humanos da Brasil Broker, explica que a mão de obra ficou mais escassa por conta do "boom" do mercado. Em contrapartida, aqueles que se identificam com vendas passaram a buscar qualificação, procurando sobretudo empresas que dão esse suporte.


Mas há uma nova safra de interessados chegando no mercado. "A Broker começou a perceber, há cerca de três anos, um interesse grande por parte de profissionais que começam a escolher o mercado imobiliário como profissão", relata Andréa. "Com idade entre 26 anos e 45 anos, eles estão interessados em desenvolver uma carreira, e isso é uma novidade. Alguns ainda estão fazendo faculdade e outros já se formaram."


Segundo a gerente, a maior procura tem sido por parte de advogados. "Têm pessoas com diversas formações interessadas no ramo, mas os advogados chamam mais atenção", acrescenta.


Em todo o país a Brasil, Brokers conta com mil corretores credenciados, segundo ela. "Desse total, 44% têm curso superior. Há dez anos isso era impensável", resume.


De acordo com Andréa, 65% dos corretores são homens e 35% mulheres. "Hoje, temos muitas mulheres e jovens que procuram a faculdade de gestão imobiliária, buscam se qualificar para entrar num mercado promissor, mas competitivo", diz.


Os requisitos para o sucesso vão além do tino de vendedor. É preciso proatividade, persuasão, perseverança, foco em resultado, boa comunicação, ética e credibilidade, diz a gerente. "O perfil do corretor mudou substancialmente, uma década atrás os corretores apenas tiravam pedido, a participação das mulheres girava em torno de 10 a 15%, a idade se concentrava entre 40 e 50 anos e quase não havia profissionais com nível superior", diz Andréa.


Ao contrário do que se poderia imaginar, o avanço tecnológico não reduziu as funções do corretor. "Os sites exibidos pelas imobiliárias são ferramentas de fácil acesso. O cliente pode pesquisar condições de financiamento, melhores investimentos, mas quando seguem para definir, o atendimento presencial é exigido e necessário", diz Andréa. "Investir em treinamento é primordial para o corretor", resume.


Gilberto Yogui, diretor do Creci/SP e professor de alguns dos cursos ministrados pelo conselho, explica que o primeiro passo para quem quer se tornar um profissional de corretagem é ter o registro do Creci. "Paralelamente aos cursos que são oferecidos pelo Creci, o profissional também tem que cumprir uma carga horária de estágio", diz Yogui.


Além de oferecer uma visão geral do mercado, o conselho conta com cursos de especialização. "Se o profissional quer se especializar em contratos e documentação de imóveis, ele se inscreve no curso denominado documentação imobiliária, cuja carga horária é de cinco horas", afirma. O curso de matemática financeira exige 9 horas de aulas, enquanto a especialização em Sistema Financeiro de Habitação permite ao corretor conhecer com profundidade todas as regras sobre financiamento, uso FGTS, normatização, entre outros temas relacionados.

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